Minha primeira viagem sozinha - Barra Grande / Ba - Setembro de 2016

Queridos, me desculpem mas eu vou contra a maré de ódio a 2016. Tá bom que a situação política tá cada vez mais caótica e preocupante, que muita tragédia aconteceu, mas quando mesmo que algum ano foi incrivelmente belo e feliz? Que ano não teve caos, barbaridades, mortes tristes e revoltantes? Nem revisitando a história antiga eu lembro de uma época tão utópica assim.

Alguns anos são mais complicados sim, não dá para ignorar os fatores políticos, sociais e econômicos que interferem diretamente na vida pessoal de cada um, mas também não dá para jogar a culpa toda nos acontecimentos que sucederam esses 366 dias como se houvesse uma força maior trabalhando para dar tudo errado em sua vida, até porque grande parte da responsabilidade de como esses dias foram vividos é única e exclusivamente sua. 

Minha impressão é que se criou um olhar coletivo de negatividade para 2016. Qualquer situação fora do esperado ganhou o dobro de comoção, porque acredita-se que o ano foi ruim, que tudo vai mal e é tudo culpa do ano, tadinho. Mas e se a gente mudasse a perspectiva do olhar... Você já parou para pensar no que deu certo este ano ou as vantagens daquilo que não deu? O que você ganhou? O que não perdeu? Tenho certeza que por pior que tenha sido o cenário, se olhar com cuidado, você vai encontrar algo pelo que agradecer.

Em 2016 eu tive perdas, dúvidas, sofri e chorei muito, mas também foi um ano de muitas realizações pessoais, foi quando eu mais dei check ✅ nos itens das minhas listas clássicas de virginiana. Eu iniciei projetos, resolvi aquelas pendências burocráticas que ficava adiando há tempos, passei por transformações internas e externas, aprendi muita coisa nova, eu cresci, amadureci e me superei em diferentes áreas da vida.

Dizem que é na crise que os fortes e criativos se sobressaem. Muitos negócios de sucesso surgiram no auge de crises econômicas e políticas (Sugestão: Leiam "Oportunidades Disfarçadas" e se impressionem😉). Eu prefiro fazer parte desse grupo, dos resilientes, dos otimistas, dos que sofrem mas continuam perseverantes na luta, do que ficar choramingando pelo que passou. Tá tudo lindo e maravilhoso in my life? Não, mas eu estou sempre tentando melhorar. Então, eu só tenho a agradecer por mais um ano ter passado e eu ter mais que sobrevivido, ter vividamente vivido. Obrigada 2016 e que venha 2017 com mais aprendizados.

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Quantas vezes você foi vítima de "mal-entendidos"? Quantas vezes criou histórias e situações que só existiram na sua cabeça? As palavras não ditas me incomodam muito mais do que uma verdade dolorosa dita com franqueza e me irrita esse modelo de julgamento baseado em achismos, pressupostos e suposições. Vejo acontecer com frequência, a pessoa recebe uma informação vaga e a partir daí forma sua sentença - normalmente acusatória e negligente - sem antes procurar saber da própria fonte o que realmente está acontecendo. Isso vale tanto para as relações interpessoais como para o contexto social que estamos vivendo com a velocidade e diversidade de informações na era digital. Quase não se questiona ou se debate, apenas se compartilha com um peso carregado de juízo de valor.

A resistência ao diálogo nas relações, a meu ver, é um problema base que influencia todo o resto, e quando digo isso considero todo tipo de relação: amorosa, profissional, familiar... Às vezes são demandas simples, incômodos que podem ser resolvidos em uma conversa de peito aberto, mas que do contrário, podem crescer com intensidade e rancor até explodirem de uma forma distorcida do que realmente era a raiz do problema. E aí mermão as coisas ficam mais difíceis de se ajustarem, porque uma coisa é se abrir para um diálogo problemático, outra é atirar um discurso carregado de agressividade e mágoa.

Sabe aquela expressão "cada cabeça é um mundo", é exatamente assim. Cada pessoa tem uma experiência única de vida, constrói suas crenças e incertezas diante de seus ideais religiosos, políticos, sociais e de suas vivências afetivas. Então, não dá pra julgar o outro só com base nas suas concepções. Você não pode entrar no seu mundinho e achar que todo mundo vai agir e entender da forma como você pensa. Por isso o diálogo é importante para quebrar esses pontos de conflito. Eu acredito que muita confusão e mal estar poderia ser evitado, ou no mínimo amenizado com uma boa conversa franca.

Reconheço que alguns assuntos e situações são mais complexos e difíceis de se externar verbalmente, que a educação no ambiente familiar influencia a forma como o indivíduo se comunica e, principalmente, que para o diálogo acontecer você precisa da disposição do outro para ouvir. E não só ouvir, mas escutar, tomar consciência do que o outro diz, refletir e aí sim argumentar. Muitos falam e não ouvem, nem ao outro nem a si mesmo. Conversa tem que ter troca. 

Mas muitos de nós fomos educados a ter medo da palavra. É melhor evitar a discussão, fugir do problema, silenciar, fingir que nada está acontecendo do que expor seus pensamentos e sentimentos. "Me chamaram para conversar..ih lá vem bomba!" - ou não, pode ser uma boa surpresa; "mas eu estou numa posição inferior não tenho direito de reclamar" - tem sim, a hierarquia não pode calar a sua voz e a conversa é essencial para uma boa convivência em todos os âmbitos; "D.R. é coisa de casal chato" - NÃO minha gente! Discutir a relação é saudável e preciso, quando não se vem armado de acusações e as coisas são ditas no início dos conflitos. Enfim, não é fácil, pode ser inclusive muito doloroso, mas exercitar a compreensão do falar e do ouvir é libertador!

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Muita gente não gosta de comemorar aniversário. Eu, pelo contrário, anseio a chegada desta data. Talvez porque em vez de pensar nos anos que se passaram e no que ainda não conquistei, eu veja a data como a celebração que deve ser, de agradecimento e oportunidade. Oportunidade para novas conquistas, outros rumos, a chance de recomeçar ou até retroceder, se assim eu quiser. Mas isso só funciona quando você releva aquele peso das cobranças sociais, porque como já mencionei aqui, independente de idade, cada um tem o seu tempo e suas escolhas. Eu faço questão de marcar e festejar passagens e guardar o máximo de boas lembranças. Afinal, o que é a vida senão momentos? 

Sou daquele tipo que curte celebrar a vida, reunir amigos e família, fazer bolo e cantar parabéns! Tem gente que acha isso  brega ou que simplesmente não dá importância. Eu acho maravilhoso ter um dia inteirinho dedicado a você. Gosto de me sentir a estrela do dia, de receber abraços, mensagens, demonstrações de carinho e afeto. Gosto da ideia de ter uma data em que os amigos e a família vão parar um tempinho para lembrar de mim, porque na correria do dia a dia às vezes a gente esquece de dizer o quanto alguém é importante e como é bom ouvir isso. Mas especialmente, gosto de a cada ano me surpreender e me emocionar com aquelas mensagens sinceras que vem do fundo da alma, palavras que demonstram o aprofundamento da percepção que o outro tem sobre você, impressões que você nem imaginava causar e manifestações lindas de carinho. É uma bela forma de se conhecer melhor!

Idade pra mim nunca foi problema, completo hoje 27 aninhos com alma e rostinho de 18 (é o que dizem). Cresci, mudei e amadureci com o passar da tempo, mas mantive minha essência de menina, e desejo que assim seja até as rugas e os cabelos brancos surgirem. Claro que também passo por dias tristes e mau humorados, mas aprendi a agradecer pelo que tenho e ir trocando a lamentação pelo empenho na busca do que desejo. E sabe o que eu tenho agora? Saúde e muita gente linda que me fortalece a cada dia com doses generosas de amor. Isso pra mim é o essencial, o resto eu sigo em busca!

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Minha vida se transformou quando aprendi a me amar.
Passei a ter orgulho de mim quando tive coragem de lutar pelo que acredito.
Me senti mais bonita quando deixei de me enxergar pelos olhos dos outros.

Encontrei a paz quando aprendi a me perdoar.

Me livrei da angústia e do arrependimento quando parei de esconder minhas emoções e acalmei meu coração ao respeitar meus sentimentos.

Entendi a insensatez de querer agradar a todos quando aprendi a dizer NÃO.

Me tornei segura quando deixei de dar importância ao que os outros pensam.

Parei de me condenar quando compreendi que QUEM EU SOU é diferente de quem você julga que EU SEJA.

Encontrei a libertação quando percebi que "SER BONZINHO" não é "SER IDIOTA". Se você se aproveita da minha generosidade para de alguma forma maliciosa tirar proveito, o idiota é você meu amigo!

Compreendi a necessidade de ser egoísta quando percebi que é preciso estar bem consigo mesmo antes de se doar ao outro.
Parei de fugir quando não tive mais vergonha de despir minha alma

Deixei de sofrer por situações desconfortáveis quando descobri meus limites.

Conheci minha força quando a vida me obrigou a enfrentar dores que não achei ser capaz de suportar.

Fiquei mais decidida quando impedi o medo de me dominar e mais ousada quando perdi o receio do julgamento alheio.

Aprendi a ser mais feliz quando aceitei quem eu sou, quando aprendi a valorizar minhas qualidades, perdoar minhas fraquezas e lutar para melhorar aquilo que me incomoda. Hoje eu sei que, apesar de todas as transformações que a vida me fizer passar, nada vai mudar a minha essência. E isso já não me perturba. Quem não estiver satisfeito que se afaste, só quero ao meu lado os que respeitam meu jeito de SER. Certas coisas só você pode fazer por si mesmo.

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A relatividade do tempo me fascina. Acho incrível os diferentes sentidos que a ele atribuímos, como em um mesmo momento de nossas vidas podemos vê-lo passando rápido e devagar, monótono e intenso. Brigamos, ansiamos, fugimos, esperamos, e lá se vai ele nos acompanhando nessas inconstâncias. 

Às vezes a gente corre do tempo, negamos o que eles nos traz por medo ou insegurança e jogamos a culpa toda nele: "É cedo! Ainda não estou preparado"; outras ele que vem em nosso encalço, esfregando em nossa cara que não temos para onde correr, precisamos encarar a situação. E tem ainda os momentos que queremos de qualquer forma ultrapassar o Sr. Tempo. Ele nos diz "não é hora, gata!", mas você em sua busca desenfreada não consegue aceitar, aí briga, cai e chora até o dia que ele volta pra dizer: "Agora sim, sua hora chegou".

Quando tudo vai bem, naqueles momentos de empolgação e felicidade sentimos o tempo voar. Não importa o quanto o relógio e o calendário contabilizem, sempre é pouco. Sabe aquela sensação maravilhosa de viver em um dia o que não viveu a vida inteira? É aquele tempo que passa arrebatando tudo, deliciosamente intenso e revigorante, que te faz querer guardar cada detalhe na memória. 

Mas o tempo também pode ser esmagador. É difícil esperar ele passar quando estamos sofrendo. A gente até tem consciência que uma hora a mágoa vai ficar pra trás, mas ôh tempinho que passa arrastado nessas horas de dor! Ficamos contando os dias, vislumbrando o momento que o coração vai acalmar e aquela dor latejante vai se tornar apenas uma pinicada esquecida, remendada, cicatrizada. Mas nem sempre é assim...tem feridas que o tempo realmente não cura, só adormece, e a gente é forçado a aprender a conviver com ela.

Por essas e outras eu aprendi a respeitar o Sr. Tempo e compreender que cada pessoa e situação tem o seu momento. Muita coisa na minha vida eu fiz fora do tempo esperado. Já sofri de ansiedade e culpa? Claro! Mas não me arrependo. É super clichê, mas acredito que as coisas acontecem quando tem que acontecer. Isso não significa que você tem que ficar sentado esperando a sorte cair no seu colo, é mais uma mensagem para não cobrar tanto de si e nem cair na armadilha dos roteiros socialmente programados para nós. Sabe aquela historinha de terminou escola tem que ir pra universidade, depois de formado já tem que tá trabalhando, ixee..já fez 30 e ainda não casou? Ah já casou, então tá na hora de ter filho né! Você não TEM que fazer nada QUANDO e porque disseram que você tem que fazer. Seu tempo é o tempo que mais importa.

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As pessoas tem uma noção muito louca sobre relacionamentos. Sério, tenho observado com mais afinco os casos e romances ao meu redor e o que enxergo me dá medo, em dadas situações fico tão surpresa com certas atitudes que passo horas me questionando como pode ser possível alguém agir assim. É de assustar como tanta possessividade, ciúme e descontrole é naturalizado nas relações, como os sentimentos são racionalizados em joguinhos de ego e fugas covardes, como os casais não se comunicam e vivem em um labirinto de achismos e neuroses. 

Claro que há toda uma tradição sociocultural que influencia isso, a nossa herança patriarcal e machista, o fato de crescermos bombardeados com um ideal de amor romântico insistentemente repetido em clichês aclamados nas histórias de livros e cinema. Como diria minha musa Regina Navarro: "Alimentados pelo mito do amor romântico, homens e mulheres esperam que as pessoas que se amam se tornem uma só (...) Participam sem cerimônia da vida do outro, mas o controle sufocante que daí decorre não é evitado. É aceito como necessário para garantir a complementação total". 

O que posso concluir daí... Migos, amar não significa deixar de ser quem você é, companheirismo nada tem a ver com ficar colado com a pessoa 24 horas por dia, e vigiar cada passo real ou virtual do parceiro não garante fidelidade só paranoias. Na verdade, eu acho que tudo isso só traz sofrimento, uma angústia alucinante sobre o receio do que há por vir. Porque não só curtir o momento ao lado daquela pessoa que te faz bem?

Enquanto alguns vivem enlouquecidamente apegados a relacionamentos falidos por comodidade, medo da solidão, ou qualquer outro motivo que a mente maluca da gente cria, outros vivem evitando se envolver e criar laços, morrem de medo de se entregar, admitir o que sentem e acabam perdendo oportunidades incríveis de viver uma história legal, independente do tempo que venha a durar.

Entendo que não é fácil se livrar desse modelo que desde cedo somos levados a acreditar como o natural das relações amorosas. Também estou longe de ser uma expert no assunto, mas procuro manter a minha coerência e a noção dos meus limites. Apesar do choque em perceber esses embaraços nas relações, por outro lado, fico feliz em ver crescer um movimento contrário ao apego amoroso. Estudos, experiências e relatos sobre relações livres estão mais abertas e cada vez mais frequentes. Tá, eu sei que essa aí é outra questão, nem estou aqui levantando nenhuma bandeira, só é bom saber que dentro da complexidade que é ter um relacionamento amoroso, velhos padrões estão sendo repensados e desconstruídos.

* Inspirações:

Vítimas do amor romântico não aprendem facilmente! por Regina Navarro Lins

Amor romântico e amor genuíno por Jetsunma Tenzin Palmo

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